O que é a Espiral do Silêncio?



A cientista política alemã Elisabeth Noelle-Neumann propôs, em 1977, a teoria da Espiral do Silêncio, onde afirma que a hesitação individual em expressar uma opinião, apenas levando-se em consideração o que os outros vão pensar, tem uma importância social fundamental.
De acordo com Lage (1998):
A ideia central desta teoria situa-se na possibilidade de que os agentes sociais possam ser isolados de seus grupos de convívio caso expressem publicamente opiniões diferentes daquelas que o grupo considere como opiniões dominantes. Isso significa dizer que o isolamento das pessoas, de afastamento do convívio social, acaba sendo a mola mestra que aciona o mecanismo do fenômeno da opinião pública, já que os agentes sociais têm aguda percepção do clima de opinião. E é esta alternância cíclica e progressiva que Noelle-Neumann chamou de Espiral do Silêncio (LAGE, 1998, p. 16)
Nessa teoria, o medo de isolamento social é um fator indispensável para justificar a ação dos indivíduos. As pessoas não expressam suas opiniões minoritárias com medo, consciente ou inconscientemente, de que isso as trará consequências negativas, como isolação e exclusão daquele grupo. Assim, elas acabam por acatar a opinião da maioria e apagam sua voz.
          Um funcionário pode se encontrar na espiral do silêncio em sua empresa, ao no concordar com as opiniões da maioria de seus colegas e/ou chefes. Nesse caso, ele perde sua voz, sua identidade, e se junta aos outros. Isso pode ser causa de insatisfação do membro da organização. E/ou também pode causar problemas no ambiente de trabalho, pois ao se sentir insatisfeito e sem voz o funcionário pode começar a criar intrigas ou ficar improdutivo, causando talvez, problemas para seus colegas de trabalho também..
         Na faculdade, um aluno também é sujeito a passar por essa situação. Ele pode se encontrar numa relação de poder, onde sua voz não é ouvida e por isso acaba acatando à crença da maioria. Um exemplo:
“Em uma disciplina do curso de Comunicação Social, uma situação gerou um certo transtorno na turma. Durante a apresentação do método de avaliação, houve uma discordância entre os discentes e os monitores. A proposta dada foi de uma prova a ser feita em casa, manuscrita e com um curto prazo para entrega. A maioria da turma discordou, e houve uma breve tentativa de debate com os monitores, que foi encerrada abruptamente e o método permaneceu o mesmo, sem que os alunos questionassem novamente. Esse caso exemplifica a hipótese da percepção do olhar de vidro, que é paralela à espiral do silêncio. Diante do embate de ideias, os alunos se silenciaram, causando um efeito de falso consentimento.”






         Barros Filho (2009) traz a discussão pro campo da comunicação organizacional e diz que é necessário que se tenha uma opinião dominante para que o processo da Espiral do Silêncio aconteça. O medo do isolamento só é possível quando o indivíduo percebe que não se encaixa com a opinião dominante, e isso acontece quando ele a compara com a sua própria opinião. Segundo ele:
A percepção da opinião dominante é, portanto, um ponto central da hipótese. Por isso, pretender produzir um certo efeito desejado sobre a opinião pública pressuporia, sobretudo, conhecê-la bem. Ou, poder conhecê-la bem. Afinal, como pretender mudar aquilo que não sabemos bem o que é? Eis uma grande dificuldade para que uma ação de comunicação qualquer, seja ela livremente deliberada ou regulamentada (BARROS FILHO, 2009, p.185)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


BARROS FILHO, Clóvis de. A falácia lógica e metodológica do conceito de centralidade da organização. In: In: KUNSCH, Margarida M. K.; OLIVEIRA, Ivone de L. A comunicação na gestão da sustentabilidade das organizações. São Caetano do Sul: Difusão, 2009
LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. 4 ed. São Paulo: Ática, 1998.
NOELLE-NEUMANN, Elisabeth. The Spiral of Silence: Public Opinion - Our Social Skin. University of Chicago Press, 1993

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